segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Muitos leitores e um fim de semana feliz

Uau, meu povo! O blog está bombando!! Já temos muitos leitores fiéis e as caixas postais não param de receber mensagens!!! Creio que, ao todo, já sejamos uns 8, e hoje mais dois me pediram o endereço hahahaha... Mas agora falando sério, fiquei muito feliz que as pessoas curtiram compartilhar esse momento tão especial conosco, e agradeço as mensagens com palavras carinhosas de pessoas queridas que nos desejaram tantas coisas boas.
A reforma ainda está longe de acabar, mas como nos três quartos a única intervenção de maior porte prevista é a recuperação do piso de tacos, já vínhamos preparando as paredes para o momento mais divertido da obra, que é a pintura, claro!!!! Acabamos optando por pintar os quartos antes da recuperação do piso porque assim não nos preocupamos com os pinguinhos de tinta no piso pronto.
E nesse final de semana começamos a sessão arco-íris. Massa-corrida, lixa e selador abriram caminho para as rainhas da alegria: muitas latas de pigmentos coloridos. Foi o final de semana mais legal da obra até agora, claro!

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Sobre tempo e dinheiro

Se a velha máxima do "tempo é dinheiro" for verdadeira, uma reforma pode ser considerada um duplo prejuízo. Não que não seja maravilhoso planejar e executar um lar: é claro que, "no frigir dos ovos", como diziam nossas avós, o saldo deve ser positivo. Se não, nem valeria a pena reformar. Mas se você está embarcando nessa, deve estar preparado para o preço a ser pago, e que não é barato. Reforma custa tempo e custa dinheiro. E também custa saúde mental, e na pior das hipóteses pode custar até o seu relacionamento. Porque reforma é uma delícia, mas testa seu fôlego e sua paciência, angustia, tira o sono e causa brigas conjugais.
Sem querer desencorajar ninguém, pode ser útil elencar algumas coisas para as quais é preciso estar preparado antes de reformar, pelo menos para que você saiba o que vem pela frente e não diga que ninguém avisou. Lá vai:

1. Engana-se quem acha que vai gastar um valor X e receber prontinho um lindo lar onde possa plantar seus amigos, seus livros e discos. Reforma não é drive-thru do McDonald's. Você vai gastar o valor X, só que vezes três, e terá que visitar a obra quase todos os dias.

2. A cada dia que você passar na obra, mesmo que seja só pra dar aquela conferida rápida, seu mestre-de-obras lhe dará uma enorme lista de coisas para comprar. Geralmente, para o mesmo dia ou para o dia seguinte no máximo, bem cedo. Mas isso pode não ocorrer se você passou na obra e descobriu que ninguém foi trabalhar hoje.

3. Não ouse pensar que seu mestre-de-obras lhe dará tudo mastigadinho. A lista não vem pronta: você precisará decifrá-la. Isso inclui uma passadinha na internet mais próxima antes de ir às compras, para procurar no Google que diabos é uma porca de flange.

4. Quando você for comprar o que está na lista, perderá algum tempo olhando na loja todas as coisas que ainda não estão nessa lista, mas estarão nas próximas. É bom ir vendo as ofertas, porque mais cedo ou mais tarde ele vai pedir. Mas use seu tempo com sabedoria: primeiro pegue a senha de atendimento, e depois vá dar essa passeada pela loja. Quando chamarem seu número no balcão, você já terá conseguido ver vááárias coisas, inclusive aquelas que você já comprou nas listas anteriores e que agora baixaram de preço.

5. O atendente do balcão quase nunca vai ter exatamente o que você decifrou. Ou ele fará uma pergunta específica, cuja resposta não está na lista ("mas ele só te deu o comprimento? E qual o diâmetro?"), ou então ele vai dizer que não tem exatamente esse ("mas tem esse outro aqui, que dá no mesmo"). Você terá que telefonar para o mestre-de-obras para perguntar, e é bom torcer para que o celular dele esteja ligado.

6. Quando a compra tiver sido feita e o rombo no orçamento já estiver consolidado, você deverá se dirigir até o depósito para retirar o material, que não está disponível na loja. Encontrar o depósito é muito fácil: ele fica sempre no extremo oposto de onde você está no mapa da cidade.

7. Chegando ao depósito, mostre a nota fiscal e um funcionário apontará onde fica o material que você precisa retirar. É possível que você tenha comprado itens bastante diversificados entre si, então prepare-se para ir a vários depósitos dentro do depósito principal. Porque fatalmente o azulejo fica no setor 1 e o rejunte no 7, depois você volta para buscar a argamassa no 4, o cimento no 9, a areia no 5 e os canos no 3.

8. É bom que você tenha ido de salto fino e um vestido deslumbrante até o depósito, porque caso você não esteja minimamente parecida com a Angelina Jolie, ninguém vai te ajudar. Se for de moletom e tênis, esteja preparada pra carregar muitos sacos de 50kg nas costas até o seu carro. Quem mandou sair de casa desse jeito?

9. Na saída do depósito, haverá uma cancela onde um funcionário deverá conferir cada item comprado com a sua nota fiscal. Tire todos os sacos de cimento, argamassa e areia do seu porta-malas, e todos os canos que estão atravessados entre o porta-malas e o banco do carona. Não esqueça das caixas de azulejos no banco de trás nem do rejunte, no chão atrás do banco do motorista. Quando tiver conseguido comprovar que você não está surrupiando nem uma chave philips do depósito, coloque tudo de volta e o rapaz abrirá a cancela.

10. Quando você chegar na obra com as compras, descobrirá que alguma coisa foi comprada errada, ou em quantidade insuficiente, ou os dois. Na verdade, você tinha ficado mesmo em dúvida, mas não conseguiu falar com seu mestre-de-obras, porque o celular dele estava desligado. Volte à loja e repita os passos 4 a 9.

11. Quando você voltar com a segunda leva de compras, seu mestre-de-obras ficará tão satisfeito que lhe dará uma nova lista, para o dia seguinte. 

12. Se for sexta-feira, a nova lista poderá ser só pra segunda. Mas se for esse o caso, seu mestre-de-obras vai pedir mais dinheiro. Toda sexta-feira eles pedem mais dinheiro, para pagar a semana dos serventes. Você já deveria saber disso e tinha que ter passado no banco antes de voltar com as compras. Caso contrário, nunca, NUNCA passe na obra às sextas-feiras.

13. Na semana seguinte, depois que todos os passos acima forem repetidos diariamente, é possível que você tenha a fabulosa ideia de perguntar sobre o prazo, louca para saber quando isso vai acabar. A conta é simples: acrescente um mês e quinze dias ao prazo que o mestre-de-obras lhe der. Se ele disser que vai ficar pronto no dia 01 de agosto, por exemplo, a obra será entregue no dia 15 de setembro. Se não atrasar. Vai que chove...

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Jack e o porcelanato

Antes de iniciarmos a reforma, já haviam nos alertado sobre os perigos do arquiteto JACK: JACK vou trocar o piso, aproveito pra mexer nos canos, JACK vou trocar os canos, troco a pia de lugar, e assim por diante. No nosso caso, caidinho do jeito que estava o apê, tudo precisava ser feito MESMO, então nem tínhamos como ceder muito a essas tentações. Mas teve uma coisa em que o arquiteto JACK conseguiu nos convencer: o piso. 
A história era a seguinte: precisávamos trocar o piso do banheiro e também o da cozinha (que compreende cozinha, área de serviço, banheirinho dos fundos e despensa). O do banheiro seria uma cerâmica não muito cara, e na cozinha pretendíamos apenas trocar o asqueroso paviflex amarelo e branco por um outro paviflex melhorzinho. Pesquisando sobre isso, vimos que paviflex na cozinha pode soltar por causa da umidade (o anterior estava mesmo todo solto), e o pedreiro nos convenceu que cerâmica era muito mais negócio, que dura pra vida toda, e que já que estávamos fazendo todo o resto da obra com ele, nos faria um preço especial na mão-de-obra. Começamos a olhar, sem compromisso, algumas cerâmicas, e também fomos atrás de orçar o paviflex. Só que havia um detalhe: meu lado retrô sempre sonhou em ter uma cozinha com piso xadrez, preto e branco, mais ou menos como esse aí abaixo, que encontrei no blog Falando di Casa.


Para ver outras cozinhas com piso xadrez, clique aqui


Só que adivinhem? O paviflex mais barato é aquele mais intragável, todo rajadinho, e pra fazer o meu xadrez teria que ser o da linha Chroma, que tem peças brancas e pretas. E obviamente, a linha Chroma é a mais cara de todas as opções de paviflex...
Bom, seguimos olhando paviflex e cerâmicas e nos deparamos, nas lojas, com lindas peças de porcelanato pretas e brancas. Lisinhas, brilhantes, 60 x 60, tudo de bom. Mas todo mundo dizia que o mais caro para colocar porcelanato era a mão-de-obra e a gente sempre passava batido pela prateleira de porcelanato. Comentando um belo dia com o pedreiro, ele nos tasca que até o tamanho de 60 x 60 ele poderia assentar o porcelanato pelo mesmo preço de mão-de-obra da cerâmica, mas se fosse maior que isso precisaria cobrar mais. Acendeu a luzinha: prá quê maior que isso? Nossa cozinha nem é tão grande! 60 x 60 é perfeito. Mas ainda assim as peças eram muito mais caras que nosso paviflex. Mesmo assim, passamos a olhar uns porcelanatos, assim como quem não quer nada, só pra namorar. Um mais lindo que o outro. Ao expor certo dia nossa dúvida cruel, ouvimos a seguinte explicação:

- Olha, para escolher o piso vocês devem ter em mente quando pretendem fazer a próxima reforma. Se pretendem trocar daqui a uns 4 ou 5 anos, o paviflex é a melhor escolha. Sai mais barato e quando ele começar a ficar feio, vai embora. Se vocês pretendem trocar daqui a 10, 15 anos o melhor é a cerâmica. É muito mais durável, ainda que possa lascar, riscar e ficar com o rejunte encardido. Agora, se quiserem reformar só depois do casamento do filho de vocês que ainda não nasceu, tem que ser porcelanato. 

Juro que a pessoa falou isso e pegou uma pedra de 60 x 60 de porcelanato e jogou no chão! Atirou no chão!!!! O negócio PLAC, fez um barulhão, eu e o namorido tomamos um susto! E a peça lá no chão, nos olhando intacta...
Aquilo foi realmente impressionante. Jogada de mestre. Começamos a ver o porcelanato com outros olhos, afinal não pretendemos passar por outra reforma nessa encarnação, e é claro que seria liiiiindo que nossos filhos aprendessem a caminhar sobre um maravilhoso piso xadrez de porcelanato brilhante. "Mas vamos dar mais uma olhadinha no paviflex?", dizia eu. E o namorido hipnotizado pelo supergloss.

Um belo dia, dando uma entradinha básica ("só pra olhar") em uma loja chique que não era pro nosso bico, a vendedora vem nos perguntar que tipo de coisa queríamos, para que cômodo seria e coisa e tal. Comentei o sonho do piso xadrez, e ela nos apresentou umas peças de 60 x 60 pretas e brancas, lindas, com supergloss e tudo mais. O metro quadrado da branca custava 69,90 e da preta, 89,90. Muuuito acima dos pisos que andávamos olhando. Namorido comentou na cara-dura:

- Obrigado, mas estamos só olhando mesmo. Até porque vimos igual a estas na loja X por 59,90 uma e por 32,90 outra.

Bingo. Sem querer, ele descobria o grande segredo da arte de pechinchar: colocar uma loja contra a outra. Ao que a moça responde: 

- Sério? Mas está realmente muito barato, esse porcelanato é isso, é aquilo e coisa e tal (falando o quanto o porcelanato dela era incrível). Se estiver esse preço mesmo, eu cubro. 

Ligou para a loja, confirmou o preço e cobriu a oferta. E o da outra loja nem era exatamente o mesmo. Era parecido, mas de uma marca genérica. Mas a moça cobriu.

E daí, o que se faz numa hora dessas? Hein, meu povo???
Aceita-se que caiu nos braços do JACK!!
JACK o paviflex não dura tanto, JACK o pedreiro ia cobrar o mesmo preço pra assentar uma coisa ou outra, JACK o porcelanato é tão bonito e resistente, JACK a moça nos ofereceu um porcelanato melhor pelo mesmo preço do genérico... vamos de piso xadrez ultra-mega-maxi-supergloss!!!!
É claro, o investimento foi alto, mas JACK estávamos economizando em tantas outras coisas... JACK o piso das salas e dos quartos não vai ser trocado... podemos nos dar esse luxo na cozinha, não?
Ah, e JACK o banheiro é tão pequenininho, são só 4 metros quadrados, por que não levar uma caixinha pra ele também???
E foi assim que o JACK nos pegou no porcelanato... e teremos um lindo piso xadrez preto e branco com peças grandes, retificadas e brilhantes para nossos filhos aprenderem a andar! E no banheiro, um modelo clarinho de bege para dar um up no azulejo (JACK economizamos no azulejo irregular, como expliquei no post anterior...)

Porcelanato do banheiro

Voltamos para casa sorrindo de orelha a orelha com nossos novos pisos - e viva o JACK!!!

Algumas das nossas escolhas

No post anterior escrevi sobre a dificuldade de fazer escolhas e de adequar o nosso apurado senso estético (afinal, somos um casal de artistas) a um orçamento diminuto (afinal, somos um casal de artistas)...
Quero então compartilhar algumas boas e más escolhas que já fizemos até agora. De más escolhas, por enquanto são apenas duas: optamos por um azulejo para o banheiro que era o mais bonitinho entre os mais baratos. O metro quadrado custava apenas R$ 12,90, mas as peças são irregulares e algumas delas vieram com pequenos defeitos de fabricação, umas depressões em baixo relevo no cantinho. Como só vimos depois de assentados, agora só reclamando para o Papa. Mas tudo bem, os defeitinhos são pequenos e ninguém vai reparar. Só nós, é claro, que vamos ficar enfiando o dedo nos buraquinhos toda vez que formos pro chuveiro. Porque já repararam como um defeito puxa o olho da gente? Tenho cer-te-za que vou sentar no vaso sanitário e olhar direto pra lá. É a vida. Mas a banda toca e a reforma continua, fazer o quê?
O outro equívoco foi achar que a cor escolhida no catálogo de tintas da loja fosse ao menos parecida com o tom da tinta em questão. Não é. Nunca é, com nenhuma marca. Pode ser Coral, Suvinil, Sherwin-Williams, o que for. Sua parede vai ficar sempre diferente do catálogo. No nosso caso, não ficou nem parecida: escolhemos um tom de vermelho escuro, quase bordô, e ganhamos uma parede vermelho-sangue, quase laranja. E não adianta vir me falar dos fantásticos simuladores de cores online, porque a diferença aí é pior ainda. O tom Uva Francesa da Coral chega perto do bordô no simulador, mas na parede é quase pink. Podem conferir aqui no blog da Mari Mello, o ótimo Brincando de Casinha. A nossa sorte foi que, assim como a Mari, compramos apenas o teste, e não a lata grande.
De boas escolhas, ainda bem, estamos bem servidos. Conseguimos economizar em muita coisa e fazer boas compras na maioria das vezes, mesmo que para isso tenhamos precisado ir a zilhões de lojas diferentes. Destaque para as duas melhores compras até agora: os pisos (que vou comentar em um próximo post só pra eles) e o sifão que vai embaixo da pia do banheiro. Como nossa cuba é de apoio sobre um balcão de madeira, o sifão fica aparente. Um de plástico branco era baratinho, mas medonho. O cromado era lindíssimo, mas custava os olhos da cara. Namorido foi o responsável pelo achado: encontrou um belo sifão de plástico com pintura cromada, baratinho e visualmente igualzinho ao carésimo. E eu fiquei feliz da vida. Afinal de contas, ninguém vai raspar a chave do carro no meu lindo sifão cromado pra saber que, no íntimo do seu ser, reside um mero sifão de plástico. 

A difícil arte de fazer escolhas

O problema de fazer reforma por conta própria é assumir os riscos: se algo ficar horrível, pode ter certeza que a culpa foi sua. Mil escolhas a serem feitas, um mundo de possibilidades, mil chances de acertos... e de erros. Por causa disso, torna-se um pouco difícil tomar algumas decisões. Com o orçamento estourado então, nem se fala. 
É fogo ter bom gosto: se eu entrar em uma loja e disser "aaaiiiii, que liiiiiiindo!!!!", pode ter certeza de que estou olhando para o item mais caro de toda a loja. Por que não fazem coisas incríveis com designs maravilhosos e cores sublimes que possam ser compradas por pessoas normais??? Por que uma torneira custa 80 reais e outra, ao lado dela, custa 1.600?? Por acaso alguém que vai na minha casa conhece o último grito da moda em torneiras pra saber se comprei uma torneira assinada por algum famoso faucet designer? Por acaso quando você faz xixi no banheiro de alguém você repara na marca do porta-papel higiênico? Por isso é preciso pesquisar muito bem, analisar os prós e contras e a relação custo-benefício. Nem sempre o que é mais caro vai ser necessariamente melhor, e nem sempre comprar o mais barato garante economia. Se o negócio baratinho não funcionar como deveria, você vai ter prejuízo na certa.

Sem contar o que a gente compra errado por pura ignorância mesmo. O pedreiro pede:
- "Me traz um cotovelo 90 graus de meia pra 3/4 azul e um tubo de cola Tigre."
Você anota tudo direitinho, mas quando chega na loja o cotovelo é chamado de joelho e os 3/4 são medidos em polegadas, ou com algum outro sistema métrico desses baseados no tamanho do dedão do rei. A cola não tem daquela marca, mas tem da outra que (o vendedor garante) é tão boa quanto aquela. Você compra (meio desconfiado), e quando chega na obra o cotovelo não era aquele e ainda ouve do pedreiro que ele pediu a cola Tigre justamente porque não confia naquela outra marca. Acontece... e muito! Por isso, vale a pena pesquisar, informar-se sobre marcas, preços e custo-benefício de cada coisinha comprada. Para quem está sem grana e, como nós, não pode contratar um arquiteto que manje do riscado, vale fuçar nas revistas e nos blogs de reforma, construção e decoração (que tem sido uma fonte valiosa de informação para nós sobre o que fazer - e principalmente o que não fazer - na hora de reformar). E também vale dar uma passadinha no site www.reclameaqui.com.br para uma consulta rápida sobre as possíveis reclamações a respeito da marca que você nunca ouviu falar, mas que o vendedor garante que está "vendendo muito bem".

domingo, 22 de agosto de 2010

Metendo a mão na massa

Assim como o apê, nossa reforma vai andando bem ao estilo "luxo underground": com muito bom gosto e pouca verba, o que conta é a criatividade e a disposição. Temos batido perna por aí todos os dias procurando os melhores ofertas, pesquisando soluções bbb (boas, bonitas e baratas) e fazendo, nós mesmos, o que é possível fazer.
Obviamente, não contratamos arquiteto. Levamos uma amiga arquiteta e meu tio, que é engenheiro, para darem seus pitacos. Mas nós mesmos medimos tudo, baixamos um programinha para Mac e desenhamos a planta. Estamos escolhendo tudo sozinhos, por nossa própria conta e risco. Claro que às vezes bate o pavor de criar um frankestein, mas e daí? Será o NOSSO frankestein, com a nossa cara e do nosso jeito. Muuuuuito melhor do que gastar uma fortuna com um arquiteto e ainda correr o risco de ter uma casa impessoal, com os gostos DELE, e não os nossos. E depois, a melhor parte é essa mesmo: escolher com carinho cada cantinho, cada cor, cada revestimento... sem contar que a gente aprende muito!
Por exemplo, o pedreiro me pedia para comprar tantos canos brancos, tantos canos marrons, tantos joelhos azuis. E eu pensava: "gente, por que esse surto decorativo com um negócio que vai ficar escondido embaixo do piso?", até descobrir o óbvio: se os canos onde passa o esgoto forem da mesma cor dos que contêm água limpa, como seriam diferenciados em uma futura reforma? Se outra pessoa precisar mexer nesses canos, como ele vai sacar o esquema? Tóin, tudo tem um por quê quando se trata de construção e reforma.
Essa função toda dá um trabalho, mas é uma delícia. Somos privilegiados em ter famílias (tanto do lado masculino, quanto do feminino) que nos apóiam incondicionalmente, seja contribuindo com dinheiro, com presentes, com ideias geniais ou mesmo com trabalho braçal. O namorido está se puxando: já destruiu até parede a marretadas. Todo mundo colocando a mão na massa. Aliás, minha mãe tem sido campeã nesse quesito: todo dia quer ir para a obra fazer coisas. Hoje mesmo estávamos cansados, dormimos até mais tarde e quando ligo para ela (às duas da tarde), fico sabendo que está lá desde cedo trabalhando!! Vê se eu posso, depois dos 50 descobriu a vocação para mestre de obras!!! Ela já fez de tudo: destruiu conosco todos os azulejos da cozinha, arrancou o piso de paviflex, passou espátula na tinta das paredes, passou massa corrida, lixou com lixadeira, serrou madeira e só não arrancou os azulejos do banheiro porque eu não deixei: "mãe, deixa, já contratamos mão-de-obra pra isso, o homem vai fazer, prá que vamos ficar com dor???" Acho que descobri uma veia masoquista na minha mãezinha... mas essa ajuda tem sido vital e, por enquanto, contratamos mão-de-obra apenas para aquilo que não sabemos fazer, ou que realmente exige um profissional:

- Refazer toda a elétrica

Dos cabos que sobem pelo prédio até o apê à instalação de novo quadro de luz, com mais disjuntores, passando por novas tomadas, quebração de paredes para passar fiação, etc etc. O quadro de distribuição antigo tinha apenas um disjuntor para chuveiro e outro para todo o resto, de forma que todo o projeto elétrico foi modificado.

- Refazer o banheiro

O banheiro veio todo abaixo: azulejos verdes, piso horroroso, e até um pilar que, achávamos nós, era estrutural, e na verdade não era. Quando os azulejos foram retirados, descobrimos que o pilar era oco e estava ali apenas para esconder o encanamento do prédio. Primeira surpresinha: esse pilar oco estava abarrotado de caliça, provavelmente de uma obra anterior que sequer se dignaram a contratar uma caçamba pra levar!!!! Prá quê, né??? Bota no buraco e tasca azulejo em cima! Simples assim... afff! Eu devo ter secado a louça com o Santo Sudário em outra encarnação. É provavelmente essa caliça que estava retendo a umidade que acabou passando para a parede e saindo no quarto ao lado... acabamos optando em destruir essa coluna, ganhando espaço no banheiro, e revestir apenas os canos com alguma outra coisa, ou fazer uma textura ou sei lá eu o quê. O banheiro já ficou maior. Também reorganizamos todo aquele caos anterior (conforme expliquei no post O Banheiro Islâmico), reposicionando tudo: onde era o box agora é o vaso sanitário, onde ficava o vaso islâmico será a pia e onde era a pia, vai o box. A porta, que seria apenas invertida, será trocada, porque estava no limite da falência, e acabou sobrando uma em melhor estado da parede destruída pelo amado namorido. Só que o marco dessa porta era maior, então não vamos escapar de comprar outro.

- Refazer hidráulica
Inclui, além do banheiro, a cozinha e a área de serviço. A entrada e saída para máquina de lavar já estão ok, o sifão da pia da cozinha foi trocado e todas as caixas sifonadas (aquilo que pessoas normais antes de uma reforma costumam chamar de "ralos") também foram trocadas, assim como todos os registros e encanamentos.

- Rebocar a cozinha, a área de serviço e o banheiro
No lugar dos velhos azulejos, optamos por rebocar a cozinha e pintar, colocando azulejos apenas em volta da pia. Na área de serviço, a mesma regra. Apenas azulejos em torno do tanque. No banheiro, azulejamos o box até o teto e, no restante, apenas meia-parede. O resto é reboco, selador e tinta. Tudo pela economia.

- Assentar o piso novo na cozinha, área de serviço, banheirinho dos fundos e despensa

Enfim, com muitos esforços de todas as partes, a reforma está andando!!! Em breve, mais fotos e detalhes...

O que sobrou da casa dos cupins

Bom, depois que nos livramos por completo dos bichinhos, restou avaliar, dentre as madeiras tratadas, quais poderão ser aproveitadas. Mesmo sem os cupins, algumas delas estão furadas demais! Basta enfiar o dedo que esfarela que nem papel... por isso, as guarnições das janelas, os rodapés e marcos de algumas portas não poderão ser utilizados. Quanto ao piso de tacos, fizemos um orçamento com uma empresa recuperadora de parquet para lixar, trocar os quarenta piores tacos e passar sinteco, além de colar tacos faltantes e que foram totalmente esfarelados pelos nojentinhos. Não é o ideal, claro que seria ótimo trocar tudo, mas é o que tem pra hoje, já que as moedinhas estão contadas... Então, vamos trocar os quarenta piores mesmo e tentar recuperar os outros. Já não estando mais com cupins é o que basta por enquanto... o que são uns furinhos na madeira na atual situação???

Madeiraaaaaaaaa!!!!

Tudo que é de madeira no apê estava tomado por cupins. E quando eu digo tudo, quero dizer isso mesmo: rodapés, armários embutidos, todas as portas e janelas... e nos tacos de madeira do piso que cobre as duas salas, o corredor e os três quartos. Nas salas eles não estavam visíveis: a proprietária anterior os escondeu sob um laminado novo que instalou por cima dos tacos (e assim ela fez com todo o resto do apê, tudo na base das "maquiagens" e "gambiarras"). No restante do piso de tacos, havia três espécies diferentes dos bichinhos nojentos, segundo o funcionário da descupinizadora que nos livrou deles: o cupim subterrâneo, o cupim de madeira seca e a broca, que é uma espécie que produz um resíduo parecido com uma areia bem fininha, semelhante a um talco amarelinho. Pesquisando na internet, descobrimos que apenas o cupim de madeira seca responde a esses tratamentos caseiros ao estilo Jimo Cupim, os outros tipos precisam de descupinização profissional, com produtos importados e máquinas específicas. Não saiu barato, mas tivemos um excelente atendimento da descupinizadora, que tratou tudo e nos deu 8 anos de garantia. Eles têm plantão 24h e me garantiram que, se surgir algum cupim nos próximos 8 anos, posso ligar a qualquer hora que eles vêm tratar! Isso porque o produto utilizado impede que novas colônias se instalem naquela madeira que foi tratada. Se entrar uma revoada de novos cupins pela janela, por exemplo, eles não vão ficar na minha madeira! Parece incrível... será???? Bom, nos próximos 8 anos eles vão saber se vou ligar alguma vez...

Piso de tacos pedindo socorro


Cupins